Dilemas dos rios genéticos
Dilemas dos rios genéticos
Acrílico e carvão s/ papel 65,5 x 41 cm
Pintura de Artur Oliveira
                                                                 

Há um rio escondido por dentro do que sou.
Um rio de sangue
Que me leva, que me empurra, que me puxa
Como a lua afecta o mar.

Por vezes, sinto que sou um barco
Naufragando em mim mesmo;
Um barco sem estrela polar,
Que vai e que vem
Ao sabor de uma lua qualquer desconhecida
Que me atrai, fantasia e depois… deixo-me,
Como planeta sem estrela sob a qual orbitar.

Por vezes, afundo-me em mim
E deixo de perceber
O sentido do que agi.
E estou aqui porquê? Para quê?
Indivíduo de individualidade esquecida
No íman da multidão e das coisas.

Nado. Nado no meu rio interior,
Tentando resgatar a origem da corrente
E entender a razão do seu embalar.
Nado, roçando as margens doridas,
Rasgando e perdendo pedaços do Ser.
Nado, sem querer, sempre para a foz
Na esperança adiada
De ser o que ajo na nascente de mim.

Poesia de Ricardo Oliveira