Há um rio escondido por dentro do que sou.Um rio de sangueQue me leva, que me empurra, que me puxaComo a lua afecta o mar.Por vezes, sinto que sou um barcoNaufragando em mim mesmo;Um barco sem estrela polar,Que vai e que vemAo sabor de uma lua qualquer desconhecidaQue me atrai, fantasia e depois… deixo-me,Como planeta sem estrela sob a qual orbitar.Por vezes, afundo-me em mimE deixo de perceberO sentido do que agi.E estou aqui porquê? Para quê?Indivíduo de individualidade esquecidaNo íman da multidão e das coisas.Nado. Nado no meu rio interior,Tentando resgatar a origem da correnteE entender a razão do seu embalar.Nado, roçando as margens doridas,Rasgando e perdendo pedaços do Ser.Nado, sem querer, sempre para a fozNa esperança adiadaDe ser o que ajo na nascente de mim.