Montanha
Montanha
Acrílico e carvão s/ tela 110 cm x 81 cm
Pintura de Artur Oliveira
                                                                 

A eternidade escreve-se no espaço
Antes e depois da vida.
Nele nasceu a montanha,
Que impede a visão,
Criando sonhos por eu não saber
O que existe por detrás dela.

Adivinho para lá,
Estando cá.
Sou verdadeiramente humano,
Quando transcendo a vida
Numa possibilidade.
Sou, quando sei o limite
E ainda assim desejo.
Sou, quando, embora pequeno,
Sinto a beleza do grandioso
E atrevo atirar ao tempo
Um dedilhado de guitarra.

O som esbate-se na montanha,
O vento dissipa-o no silêncio universal…
Mais um fragmento de vida
Que a montanha esmaga com eternidade.
Mas estou contente por ser eu,
Por ser apenas mais um que te contempla
Nesta beleza atemporal,
Por ser mais um ornamento que te põem
E saber que vences inexoravelmente.

Mas estou aqui.
Vou tocar mais uma música
Para inscrever no teu silêncio.
Vou colar palavras nas tuas encostas.
Derramar uma lágrima
Para ser real.
Acariciar um sorriso
Para ser humano.

Um dia, sentar-se-á aqui outro homem.
Serás outro belo.
Talvez até as palavras que te colei
Já nem sejam entendíveis.

Mas tu cá serás…
Eternamente… adeus!

Poesia de Ricardo Oliveira