Sentado num automóvel último-modelo,Sinto a força do meu serEncostado à situação limite da existência.O fora passa por mim em vertigem,Agarro todas e nenhuma sensações,É tudo demasiado rápido, fugaz e efémero —Afinal como a própria vida! —É tudo demasiado sensaçãoQue me consome em ânsias absurdas...Por isso acelero, e mais, e mais...Sinto nas vísceras o poder da máquinaSinto-me ela...Ao longe, uma curva,Já está demasiado perto,Mas não importa,Faço-me a ela na glóriaDe um estrondo imediato.Mas não importa,Sei, sei-o na verdade do que existo,Que a responsabilidade é alheia a mim.Afinal por que estava ali a curva?