Voando para o paraíso
Voando para o paraíso
Acrílico  e carvão s/ tela 2 x 100 cm x 81 cm
Pintura de Artur Oliveira
                                                                 

Com Hermes bebemos do Lete
O esquecimento
Que nos conduz pela morte.
Surge Caronte,
Gigante e envelhecida figura,
Com a mão estendida,
Esperando o óbolo,
Insignificante imposto
Pela passagem do calmo Estige.
Todavia, o esquecimento de Lete
Dissipa a acção,
Não subtrai a psique,
E, possuindo duas moedas,
Recusamos a esmola,
Escondendo os valores
No paraíso de um bolso invisível.
Caronte, velho e cansado,
Ansiando o último homem,
Debruça o pesado remo sobre as águas ténebres.
Em face de Hades, rei do subterrâneo,
Do mistério que a vida ocupa,
O humano desprende-se em sombra
E no chão longínquo da escuridão,
Desvanecem-se as moedas
(A nossa e a de Caronte...)
Na simplicidade do valor,
Dar para receber,
Caronte conduziria a barca aos Campos Elísios,
Onde todos contribuem
Para a felicidade de todos!

Poesia de Ricardo Oliveira