O azul celeste é um mantoQue os senhores puseram sobre o firmamento,Para sermos mais felizes.Estão hoje em festa.Lá, num lugar longe da Terra, que os suja…Eles celebram no pátio dos argumentos.Estão suspensos… consigo vê-losNa translucidez opaca das palavras.Celebram… celebram sorrindo com a solução para a humanidade.O céu está limpo, sempre será limpo.Não chove. Não choverá.Guardaram a chuva.São um guarda-chuva que nos poupa as intempéries.Agora, só chove lá em cima, onde eles sofrem, pelo povo,O custo da construção, o custo da civilização...A água fria da chuva jamais tocará o meu rosto seco,Os meus lábios jamais saberão o saborDa água que viaja, incolor,Circularmente pelos milénios do planeta.As nascentes estão fechadas,Os rios vigiados,As fontes são uma lembrança poéticaDe um futuro que pode não existir.Porque eles sabem sempre o melhor,Porque eles sabem a solução quantificadaPara toda a riqueza do planeta,Da riqueza de todos nós…Mas eles sabem o preço,Por isso festejam,O preço da existência:O preço da água da chuva!Quando quiseres sentir o sabor da água,Terás de pagar, pagar o preço por estares vivo.Porque eles sabem o custo,O custo que cada um custa ao planeta:Eles são os seus senhorios!