A verdade daquilo que somosSão as palavras dos outros.Cada palavra é uma verdade circularQue envolve a visão.Desconheço aquilo que quase souE assumo que a cadeira em que me sentoÉ uma cadeira verdadeiramente.Por isso, sento-me nela descansado e apaziguado.Mas, num golpe de génio revolucionário,Levanto-meE sigo a estrada feitaQue me conduz ao sítio onde estou…Aí, sinto impossivelmente algumas palavrasPassearem, em grupos, olhares de desdémPara aquelas outras, mendicantesPor um pouco de poesia.Amor é um snobDe currículo vasto,Participações gloriosasEm gloriosos poemas.Ri, em companhia Do regozijo, languidez, plangência e hilaridade.Ao lado, a utopiaParticipa filosoficamente num debateCom o infinito e o imensurável,Sob o olhar aprovativo de Deus.Mas a omnipresença justa de DeusEsqueceu-se da telha, do carroE do cano de escape, também o telemóvel antiquadoE a mesa de rude madeira ficaram de parte,A um canto, esmolando igualdade…Reconheço o homem nas palavrasE, na ambiguidade paradoxal,Antecipo o fim possível da minha visão;Por isso, no limite da verdade que me oferecem,Semeio mais umas palavras de igualdadePara divertir a humanidade,Neste jogo eternoEm busca da verdadeira liberdade…