No submundo dos intercedentes
No submundo dos intercedentes
Acrílico e carvão s/ tela 2 x 100 cm x 81 cm
Pintura de Artur Oliveira
                                                                 

Na minha varanda,
Olho a incessante actividade
Dos humanos.
Há música
Nas calhas da engrenagem
E é o peso das notas
Que a faz mover.
Vejo-a por detrás das coisas:
São rodas gigantescas
Que giram
Entre a liberdade e a opressão.

Ouço a música,
E estendo os sons
Obliquamente
Sobre uma corda
Presa ao tempo.
Escuto, na esperança
De explicar…

Mas os espaços entre os sons
São buracos infinitos e escuros!
Caio sem tempo nem espaço
Num vórtice de silêncio.
Entendo que o som
É a tinta parietal
E o silêncio o alicerce.

Subentendidamente,
Silêncios são diálogos
Que movem o mundo;
Sub-repticiamente,
Silêncios falam,
Cunhando com estrondo
A civilização!

Poesia de Ricardo Oliveira