Na minha varanda,Olho a incessante actividadeDos humanos.Há músicaNas calhas da engrenagemE é o peso das notasQue a faz mover.Vejo-a por detrás das coisas:São rodas gigantescasQue giramEntre a liberdade e a opressão.Ouço a música,E estendo os sonsObliquamenteSobre uma cordaPresa ao tempo.Escuto, na esperançaDe explicar…Mas os espaços entre os sonsSão buracos infinitos e escuros!Caio sem tempo nem espaçoNum vórtice de silêncio.Entendo que o somÉ a tinta parietalE o silêncio o alicerce.Subentendidamente,Silêncios são diálogosQue movem o mundo;Sub-repticiamente,Silêncios falam,Cunhando com estrondoA civilização!