As estruturas em que assenta o poder
As estruturas em que assenta o poder
Acrílico e carvão s/ tela 2 x 100 cm x 81 cm
Pintura de Artur Oliveira
                                                                 

Passo por umas pedras
Estendidas ao acaso que os anos quiseram.
Um senhor fala alto, ou talvez altivo,
Espalha sobre a minha mente
Ideias difusas de uma construção
Que outrora imperara ali. —
Era um fórum romano!
Togas brancas aliciavam o voto,
Eloquentes oradores pagavam a eleição
E marionetas circulavam
Não se apercebendo que sustentavam
Uma estrutura de poder infindável…
Na voz sibilante que enchia o tempo,
O engodo, a diversão, a manobra
Apaixonavam os cidadãos
Que, tentados por um denário,
Que nunca iriam ter,
Depositavam as vidas, crédulos,
Na mão ímpia dos políticos!
Prossigo o passeio,
No calor da palavra, vislumbro
Uma domus de um senhor…
Pedras atravessam o olhar por entre o tempo…
É a estrutura desfeita
De algo que ousou alugar
O mundo durante séculos!...

Poesia de Ricardo Oliveira