O fumo disperso deixa entreverUma tertúlia passada.O ar quente das ideiasLembra que estou fora do tempo.Sucumbi ao atraso...Pelos vistos há sempre um tempo para tudo.Queria ser estudante, respirarAqueles pensamentos livres e soltos.Sei que posso voltar,Contudo o tempo não me deixa pensarComo os outros colegas.Todos os dias me deito e levantoE as cores da civilização têm as marcas do tempo.Canso-me de todas essas leis,Fujo para um paraíso bucólico,Mas aí descubro que há algo superior:O tempo, força universal,Que me envelhece e morre,Que acaba um momento e começa outroSem eu sentir ou dominar.Passo a vida a tentar agarrar o tempoQuando esta é somenteUm intervalo temporal!Cronos é o nosso maior deus,Mesmo libertos das mortalhas sociaisNão podemos fugir às existenciais...