Uma fuga ignóbil
Uma fuga ignóbil
Acrílico, pastel e carvão s/ tela 2 x 100 cm x 81 cm
Pintura de Artur Oliveira
                                                                 

Vou sair,
Destruir as referências
Que sustentam a Civilização.
Uma pedra no vidro dopoder,
Uma vitória exaltada
E festejada com as divinas bacantes!

Mas volto a casa, tenho de voltar...
Corado, repleto de felicidade,
Encho a cama de sonhos.
Com o sol, a lembrança
Obriga o despertar anterior à autoridade;
E, como fosse dura a palavra paternal,
Fujo ignobilmente!

Todavia, tenho de voltar.
Mas por onde?
As janelas estão fechadas
E só a porta vetusta e responsável
Espera no final do caminho.
Que fazer?
Fugir pela fácil eternidade,
Esquecendo-me de mim,
Ou penetrar o pórtico,
Repleto de austera nobreza?

Poesia de Ricardo Oliveira