O sentido
de Dialogarte
A cor das
palavras
A aparente
liberdade da formatação
A privatização da chuva
Dilemas
A
eternidade escreve-se ...
Vamos sonhar com lucidez
Linhas
temáticas I
Linhas temáticas II
Linhas temáticas III |
A selecção
do poeta
Portugal é uma República
soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular
e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e
solidária.[1]A que distância estão as palavras? Onde viverão elas?
Que paraíso conhecem vocês que fica lá tão longe?... Olho as
palavras: Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e
direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação
umas às outras com espírito de fraternidade.[2] O perfume que
libertam da beleza do que o Homem pode ser… Quando? Suponho,
lendo-as, que estão esvaziadas de sentido, como se tivessem sido
aspiradas pelos homens que as escreveram.
Penso: e se as palavras
realmente significassem o que significam? Seria o homem mais
fraterno? Seria mais livre, mais justo? Talvez… olhando em volta, os
homens confundem as palavras na acção e tropeçam na injustiça, na
ofensa, no desentendimento, na discriminação… e, entretanto, o poeta
reserva as palavras bonitas para fazer uma belo verso,
seleccionando-as do mundo invisível, alheio da realidade que envolve
o homem, e diz: Todos têm direito a igual protecção contra qualquer
discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer
incitamento a tal discriminação.[3]
A selecção do poeta é uma obra
que se debruça sobre as questões aqui lançadas, uma obra que procura
reflectir, através da metáfora, sobre as razões que levam a que a
discriminação suceda inevitavelmente na nossa sociedade. É uma obra
que, interceptando pintura e poesia, que criam uma unidade dual, é
uma obra, dizíamos, que pretende, ludicamente, levar-nos num passeio
pela comunidade dos homens.
O referido trabalho pertence à
exposição “A Cor das Palavras”, exposição de pintura e poesia, ou
seja, em que cada tema é analisado através das duas linguagens
artísticas, resultando daí uma só obra. A supracitada mostra
pauta-se por uma arte interventiva e simultaneamente humana; uma
arte, então, denunciante das injustiças sociais e preocupada com o
mundo emotivo que nos leva na vida, quando a tocamos.
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[1] Artigo 1.º da Constituição
Portuguesa.
[2] Artigo 1.º da Declaração
dos Direitos Humanos.
[3] Artigo 7.º da Declaração
dos Direitos Humanos.
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